Escrito por Zita Rocha
Não subestimemos a capacidade de os mais novos se aperceberem do que está a acontecer à sua volta. É importante envolvê-los na conversa, por mais difícil que seja.
Por vezes, esquecemos que as crianças pressentem a realidade do mundo exterior através dos adultos. Procuram-nos para se sentirem seguros e protegidos, e sabem quando algo não está bem. É importante envolvê-los na conversa, tendo em atenção alguns aspetos:
DESCUBRA O QUE JÁ SABEM E O QUE SENTEM
Crie uma oportunidade para que o assunto surja naturalmente (à hora da refeição, por exemplo) para ajudar a quebrar inibições. Há crianças que sofrem em silêncio e há outras que não sabem como exteriorizar essa ansiedade. Disponibilize outras formas de expressão para os mais novos, como material de desenho. Descobrir o que já sabem pode também ser uma forma de corrigir perceções erradas ou inadequadas. No entanto, não minimize aquilo que a criança lhe está a dizer; responda com compaixão e foque-se sempre no lado positivo. Não partilhe mais do que é preciso, ouvindo e dando resposta apenas àquilo que é perguntado. Acima de tudo, não deixe que os seus próprios medos influenciem o seu discurso e lembre-se que é o porto seguro dessa criança. Proteja-a de receber demasiada informação e mantenha-se atenta à necessidade de voltar a conversar.
TRANSMITA A MENSAGEM ADEQUADA
Quando falamos de conflito, é natural que as crianças sintam ter de escolher um lado. É importante esclarecer que, quando se fala de política mundial, nem sempre existem vilões e heróis claros. Acima de tudo, evitar que se desenvolvam sentimentos de preconceito ou atitudes de discriminação perante o povo do país tido como o agressor. Mesmo em adultos, nem sempre é fácil distinguir o certo do errado. Mas é essencial transmitir informação factual, ainda que filtrada, da situação e evitar falar de ódio. Foque-se, em vez disso, em atos de compaixão, solidariedade e coragem. Fale sobre os grupos de pessoas de todas as nacionalidades que se juntaram para formar uma corrente de apoio à Ucrânia, das histórias positivas e das manifestações pela paz a acontecer um pouco por todo o mundo.
AJUDE-OS A LIDAR COM A ANSIEDADE
Finalmente, é importante perceber se a criança precisa de outras estratégias para lidar com o stress. Dependendo daquilo que sabe serem os seus melhores escapes, crie oportunidades para a criança brincar, desenhar, praticar desporto, meditação ou mesmo técnicas de respiração. Para os amantes de livros, edições como “A Viagem”, de Francesca Sanna (para idades a partir dos 6 anos) ou “O Muro no Meio do Livro”, de Jon Agee (indicado para crianças dos 9 aos 11 anos) podem servir como uma ótima ferramenta para melhor interpretar a realidade. Os mais velhos podem ainda beneficiar de serem envolvidos em ações de solidariedade: descubra junta da sua Junta de Freguesia como fazê-lo.
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